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terça-feira, novembro 28, 2006

Pombos; gente e pão

Pombos; gente e pão

Nas ruas asfaltadas esfarelam-se vidas e pães.
Esvoaçam penas...
penas de vida, penas de pena,
Penas de pão.
Penas de pombos petecam.
Penas de penas em vão
Pena da vida
Pena do homem
Pena da pena
Farelo de pão!

Manhãs de sol

Manhãs de sol

Tenho gravado na memória as cores e as formas das manhãs...
Aquele riso luminoso despertando-me sentidos
O inebriante aroma dos lírios
E nosso reverenciar de girassol!...

Meu pressentimento à primeira vista
O sentimento ao primeiro olhar
O primeiro verso,_ a primeira pista _,
A submissão à ordem de amar.

Sempre ao romper d’aurora
O jardim me convidava a entrar
Pra me deitar na grama
Ou passear pelas veredas.
Às vezes eu só queria pensar
Enquanto olhava no céu as últimas estrelas.


E as ramas gestantes me pediam
Para acalmar os brotos que nasciam.
Eles temiam, respeitosos, ao deus sol
Com seus raios agudos, longos, que os cria e degenera;
E já sabiam-no a profunda imersão
De tua luz de calor imergente
Indispensável para a vida
E a germinação da semente.

Também já sabiam do meu amor,
E eram fieis às minhas confidências.

Sabiam há muito do meu amor!... do riso, da meiguice...
Aquele olhar...a meninice... minha solidão, e minha tolice.

Com a magnitude do meu amor...

Comparavam com afago e o riso tão singelo
Do astro, que por antecedência, ilumina o caminho, o dia
E a sublimidade da deusa das flores
Que vela a florescência das ramarias.

E após clarear o dia e o sol beijar-nos a face radiosa
Uma hastilha sempre me oferecia,
Dentre seus brotos,
A flor mais vaidosa.

E íamos confidentes, íntimos, pelo caminho.
Ela compreendia minha ansiedade
Tínhamos a mesma cumplicidade_ medo dos espinhos._ Ao almejar felicidade.

Então, humilde e inocente a flor vaidosa
Distante da bela haste que a viceja
Diante o olhar da minha estrela
Sentia-se sem graça, sem cor, sem beleza.

Assim também meu húmile coração por vezes murchara
Ao ver que o sol, apesar da profundidade que nos atinge teus longos raios,
Nada extrai das profundezas d’alma,
Apenas nos infiltra tuas chamas ardentes
Que nos dá vida, nos devora, e por fim, definitivamente nos acalma.