Realismo
Afinal acordo para a realidade atroz
E reconheço que o amor que sinto
É um sentimento algoz
Que captura e acorrenta ao tronco;
Venda os olhos, amordaça, atormenta e espanca
Para o gloria de uma só graça.
Depois que surra, acaricia,
Como a uma criança,
Com a fantástica esperança:
Liberdade de novamente sonhar.
É uma nuvem colorida que passa
E dá novo sentido à vida
Mas logo a escuridão escorraça
E para o tronco da senzala novamente me arrasta
E Abrem-se novas feridas.
Há dias em que acordo assim, irremediavelmente realista,
Completamente incrédulo à beleza venturosa do amor, que dizem ser o caminho da felicidade.
_ há dias em que acordo assim, um poeta romanticamente morto, a alma em delírio, presa a um coma de lucidez profunda no fundo desse abismo realidade.
Muitos riem do que digo e escrevo,
Outros escarnecem de mim porque revelo o que sinto...
Tu, porém, a quem amo, honrosamente dá-me desprezo.
Que contraste berrante!
Entre o otimismo e a felicidade,
Entre o sonho e a realidade
Há mesmo um deserto insignificante! Os olhos fechados.
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