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quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Ventos

É o paraíso teu corpo
Eu sou homem pecador
Não posso gozar tua paz
Não sabes o que é amor.

A morte faz guarda no portão
Com invisíveis lâminas afiadas
Que até ao vento impuro destroça

E te acerca, o teu universo extenso,
O negro véu suspenso
Onde o pecado nu se amostra.

Tuas veredas estão tristes, vazias...
Daqui, eu posso vê-las;
Tu, porém nada vê
Além de espaço e estrelas.

Folhas secas apodrecem ao chão
Sem pés que, por prazer, as pise;
O vento as arrancou em vão

E nos ramos escapelados brotam viçosos botões,
Que ao beijo do sol se abrem,
Mas os reprime soturnos lampejos em ecos de trovão.

Contudo, ao vento sonial muralha alheia não o detém,
Teus viçosos rebentos se lançarão à sorte os pólens
Que no sopro dos sonhos irão pousarem-se nas flores d’além.

Formosos rebentos
Cuja vitalidade e anseios varonis,
Hão de levar alento
Às camélias e dafnes d’outros jardins vis.

É o teu corpo luz
_ flor da procriação _
Eu sou o sexo dos ventos
Teu corpo seduz meu hálito
Beijo-te a corola com sêmen da renovação.

Deus está sentado no seu palácio de cristal
_ e nos contempla _
Ouvindo anjos cantarem hinos
Enquanto rezo nosso destino
em contas de gotas de diamante.

A cada sonho virgíneo de vento e botão
Um riso divino de glória e contemplação.

Certamente frutificarão nossos brotos
Eclodirão novas sementes
As quais também se libertarão
dos dogmas dos antecedentes.
Monótono permanecerá teu paraíso
Tu só, chorando a primavera ausente.

Eu aguardo no portão,
Olhos fixos na cortina do tempo,
Tu sabes que não me é permitido entrar
Mas tu podes sair nas asas no vento.

Deus esta sentado no seu palácio de cristal
Ouvindo o eterno canto dos anjos
Enquanto reza o nosso destino
No seu velho rosário dos anos,
Suspira em deleite a sorte de ser Deus
Afaga as frias contas brilhantes
Deixando o livre arbítrio _ a felicidade_
À sorte dos filhos errantes.

Veja:

http://solpoesia.blogspot.com

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