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quinta-feira, agosto 13, 2009

A história do nego fujão

A história do nego fujão

Os negros e os índios, embora considerados insignificantes, sempre tiveram presentes no ciclo de acontecimentos mais importantes da história dessa pátria, o Brasil,
Durante e após os vários movimentos revolucionários precedentes aos séculos até a data da “Proclamação da República” e fim da escravidão. Eles eram peças de interesse comum a todos. Durante e após os principais movimentos, como os movimentos nativistas, complexos e de interesses bastante contraditórios, senhores, escravos, metrópoles e colônias inteiras sofreram mudanças significativas no segmento de suas vidas.

No período da Guerra dos Emboabas (1709), em Minas Gerais, um respeitável senhor e sua numerosa família vindos de Tietê, S.P, fixou residência nas proximidades de Vila Rica. Inúmeros escravos e índios domesticados, ou melhor, civilizados, faziam parte de seus bens e eram elementos fundamentais para que ele alcançasse a tão almejada riqueza que ia muito além de ser próspero senhor de engenho e proprietário de minas de ouro. Ele queria uma posição, um lugar na corte, um título, um brasão. E para tanto precisava de muitos escravos e serviçais. O foco era ficar perto do ouro. Caso fosse preciso, se instalaria dentro de uma mina, mas faria fortuna. Ah faria!

Naquela época o Vale do Rio Doce causara euforia às metrópoles e principalmente a Portugal, maior potência do comércio Europeu. O Brasil era realmente o país do futuro. Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais dariam um futuro glorioso a todos os portugueses que aliados ao Rei se dispusessem a extrair riquezas dessa terra generosa.

Depois de o Rei elevar São Paulo à categoria de cidade, em 1711, e separá-lo administrativamente da região das Minas, muitos viram nessas atitudes engenhosas reais possibilidades de rápido enriquecimento nessas regiões.

As regiões montanhosas dificultavam o transporte das tropas tanto do porto para São Paulo quanto, ou muito mais, de São Paulo aos vales do ouro. As tropas sofriam. Ademais as mudanças dos bens e famílias eram cheias de transtornos. Sendo assim, melhor era ao homem deixar bem acomodadas na metrópole suas esposas ou famílias de consideração e levar consigo mulheres... as segundas.

Metade dos escravos, os jovens mais saudáveis, experientes tropeiros e valentes jagunços acompanharam tal senhor. Entre eles algumas negras de ancas largas, por serem fortes e boas parideiras, completaram a comitiva.
Entre tantos bens desse notável senhor havia um negro que se destacava por suas habilidades de liderança, coragem, fidelidade e boa convivência com outros escravos. O que nele mais impressionava era sua facilidade de aprendizagem e afeição junto aos brancos. Ora! raros os que tinham sorte de ter um escravo assim com tais qualidades. Ele aprendeu com os animais como conviver com os índios e com os brancos. O segredo era não confiar neles, não traí-los e jamais maltratá-los. A maioria dos senhores tinha seus bens aos cuidado de contratados, agregados ou parentes, mas eles não eram confiáveis. Tais indivíduos um belo dia tentavam algum golpe. Um escravo de confiança, fiel e corajoso, valia mais do que um bom cão de guarda ou uma boa espingarda. O negro não era um cão de fila, mas era ágil na peixeira e bão de briga.


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